quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Recessão no Japão populariza a profissão de hostess


Recepcionistas servem bebidas e fazem companhia para os clientes.

A pior crise econômica enfrentada pelo Japão desde a Segunda Guerra Mundial está mudando os costumes no país. Durante muitos anos, a profissão de hostess (recepção de clientes) era vista com preconceito. Mas com a recessão, a atividade muito lucrativa passou a ser vista com glamour. Mesmo antes do agravamento da crise, cerca de 70% de mulheres, entre 20 e 24 anos, tinham empregos com poucos benefícios e pouca estabilidade.

A situação piorou nos últimos meses. Trabalhando como hostess, elas conseguem ganhar até US$ 300 mil por ano. Em muitos bares, restaurantes e clubes fechados para sócios, as hostess trabalham servindo bebidas e fazendo companhia para empresários e políticos, que frequentam os 13 mil estabelecimentos desse tipo, em Tóquio.

Mas ainda existe preconceito. Grupos conservadores e feministas criticam as jovens, dizendo que elas são pressionadas para ter relações sexuais com os clientes. A maioria nega o envolvimento com prostituição.

Histórias como a de Eri Mamoka, mãe solteira, de 27 anos, que depois de trabalhar como hostess conseguiu ter uma marca própria de roupas e carreira na televisão, dão glamour à profissão. “Recebo muitos e-mails de meninas, dizendo que querem ser como eu. Acho que para elas, uma hostess é como uma princesa moderna”.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos Culturais de Tóquio, em 2009, com 1154 meninas, de escolas da capital japonesa, colocou a atividade como a 12ª mais popular, na frente de serviço público (18º) e enfermagem (22º). “Apenas quando você é jovem, pode ganhar dinheiro para beber e conversar com homens”, diz Mari Hamada, de 17 anos.

Mas Serina Hoshino, de 24 anos, garante que a realidade é bem diferente. “É ótimo ser independente, mas também é muito estressante”, conta enquanto faz o cabelo em um salão, antes de ir para o trabalho. Ela ganha US$ 16 mil por mês, quase dez vezes mais que o salário médio de outras mulheres da sua idade, mas diz que fica muito cansada na rotina de trocar o dia pela noite. Atsushi Miura estuda a profissão e já escreveu um livro sobre hostess. Para ele, enquanto não existirem empregos remunerando bem, a procura vai continuar grande. “Algumas pessoas ainda dizem que elas estão desperdiçando a vida, mas em vez de criticar o Japão deveria criar mais oportunidades de trabalho”.

Hiroko Tabuchi Do 'New York Times'

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